Soneto de carnaval
Distante o meu amor,
se me afigura
O amor como um
patético tormento
Pensar nele é morrer
de desventura
Não pensar é matar
meu pensamento.
Seu mais doce desejo
se amargura
Todo o instante
perdido é um sofrimento
Cada beijo lembrado
uma tortura
Um ciúme do próprio
ciumento.
E vivemos partindo,
ela de mim
E eu dela, enquanto
breves vão-se os anos
Para a grande partida
que há no fim
De toda a vida e todo
o amor humanos:
Mas tranquila ela
sabe, e eu sei tranquilo
Que se um fica o
outro parte a redimi-lo.
(Oxford,
carnaval de 1939.)
MORAES, Vinícius de, Livros de sonetos.
São Paulo: companhia
das Letras, 1991.
1. Caracterize o amor
descrito pelo eu lírico nesse poema,
2. Explique a razão
do título “Sonetos de carnaval”.
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