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Amor fino e mudo – Shakespeare

Como imperfeito ator que em meio à cena, O seu papel na indecisão recita,              Ou como o ser violento em fúria plena,      A que o excesso de forças debilita; Também eu, sem confiança em mim, me esqueço No amor de os ritos próprios recitar,          E na força com que amo me enfraqueço   Rendido ao peso do poder de amar:         Oh! sejam pois meus livros a eloquência, Áugures mudos do expressivo peito, Que amor implorem, peçam recompensa, Mais do que a voz que muito mais tem feito. Saibas ler o que o mudo amor escreve, Que o fino amor ouvir com os olhos deve.