Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Terra

Saudade de minha terra

Chitãozinho e Xororó Compositor: Goiá / Belmonte De que me adianta viver na cidade Se a felicidade não me acompanhar Adeus, paulistinha do meu coração Lá pro meu sertão, eu quero voltar Ver a madrugada, quando a passarada Fazendo alvorada, começa a cantar Com satisfação, arreio o burrão Cortando estradão, saio a galopar E vou escutando o gado berrando Sabiá cantando no jequitibá Por Nossa Senhora, Meu sertão querido Vivo arrependido por ter deixado [...] Que saudade imensa do Campo e do mato Do manso regato que Corta as campinas [...] Pra minha mãezinha já telegrafei E já me cansei de tanto sofrer Nesta madrugada estarei de partida Pra terra querida que me viu nascer Já ouço sonhando o galo cantando O nhambu piando no escurecer A lua prateada clareando as estradas A relva molhada desde o anoitecer Eu preciso ir pra ver tudo ali Foi lá que nasci, lá quero morrer Disponível em: . Acesso em 06 de jun. 2017 1. ...

O homem: as viagens

 Carlos Drummond   O homem, bicho da terra tão pequeno   Chateia-se na terra   Lugar de muita miséria e pouca diversão,   Faz um foguete, uma cápsula, um módulo   Toca para a lua   Desce cauteloso na lua   Pisa na lua   Planta bandeirola na lua   Experimenta a lua   Coloniza a lua   Civiliza a lua   Humaniza a lua.     Lua humanizada: tão igual à terra.   O homem chateia-se na lua.   Vamos para marte - ordena a suas máquinas.   Elas obedecem, o homem desce em Marte   Pisa em Marte   Experimenta   Coloniza   Civiliza   Humaniza marte com engenho e arte.   Marte humanizado, que lugar quadrado.   Vamos a outra parte?   Claro - diz o engenho   Sofisticado e dócil.   Vamos a vênus.   O homem põe o pé em Vênus,   Vê o visto - é isto?   Idem   Ide...

Eu Voltarei

Meu companheiro de vida será um homem corajoso de trabalho, servidor do próximo, honesto e simples, de pensamentos limpos. Seremos padeiros e teremos padarias. Muitos filhos à nossa volta. Cada nascer de um filho será marcado com o plantio de uma árvore simbólica. A árvore de Paulo, a árvore de Manoel, a árvore de Ruth, a árvore de Roseta. Seremos alegres e estaremos sempre a cantar. Nossas panificadoras terão feixes de trigo enfeitando suas portas, teremos uma fazenda e um Horto Florestal. Plantaremos o mogno, o jacarandá, o pau-ferro, o pau-brasil, a aroeira, o cedro. Plantarei árvores para as gerações futuras. Meus filhos plantarão o trigo e o milho, e serão padeiros. Terão moinhos e serrarias e panificadoras. Deixarei no mundo uma vasta descendência de homens e mulheres, ligados profundamente ao trabalho e à terra que os ensinarei a amar. E eu morrerei tranquilamente dentro de um campo de trigo ou milharal, ouvindo ao longe o cânti...

Coisas da Terra

Todas as coisas de que falo estão na cidade entre o céu e a terra.  São todas elas coisas perecíveis e eternas como o teu riso a palavra solidária minha mão aberta ou este esquecido cheiro de cabelo que volta e acende sua flama inesperada no coração de maio. Todas as coisas de que falo são de carne como o verão e o salário.  Mortalmente inseridas no tempo, estão dispersas como o ar no mercado, nas oficinas, nas ruas, nos hotéis de viagem. São coisas, todas elas, cotidianas, como bocas e mãos, sonhos, greves, denúncias, acidentes de trabalho e do amor. Coisas, de que falam os jornais, às vezes tão rudes às vezes tão escuras que mesmo a poesia as ilumina com dificuldade. Mas é nelas que te vejo pulsando, mundo novo, ainda em estado de soluços e esperança.   Ferreira Gullar

Ceifando... Robert Frost

Imagem
Robert Frost Nunca houve som nenhum no bosque a não ser aquele, que era o de minha longa foice murmurando para a terra. O que é que murmurava? Eu mesmo não o sabia! Acho que era qualquer coisa sobre o calor do sol, Algo talvez sobre a fal de som - E é por isso que só murmurava e não falava. Não sonhava com a dádiva de horas coisas, Nem com o ouro fácil na mão de fadas ou de elfos; Algo mais que a verdade teria parecido fraco Para o sincero amor que sulca e alinha a terra, Não sem fracas pontas de flores (Pálidas orquídeas), E que assustou uma serpente reluzente e verde. O fato é o sonho mais doce que o trabalho conhece. Minha longa foice murmurou e deixou o feno por fazer.