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Triste quem ama, cego quem se fia

Nascemos para amar; a humanidade Vai tarde ou cedo aos laços da ternura. Tu és doce atrativo, ó formosura. Que encanta, que seduz, que persuade: Enleia-se por gosto a liberdade; E depois que a paixão n'alma se apura, Alguns então lhe chamam desventura, Chamam-lhe alguns então felicidade: Que se abisma nas lôbregas tristezas, Qual em suaves júbilos discorre, Com esperanças mil na ideia acesas: Amor ou desfalece, ou pára, ou corre: E, segundo as diversas naturezas. Um porfia, este esquece, aquele morre. BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du. Poesias.  Seleção, prefácio e notas de Guerreiro Murta.  3. Ed. Lisboa, Sá de Costa, 1956.

Pátria Minha - Vinícius de Moraes

A minha pátria é como se não fosse, é íntima Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo É minha pátria. Por isso, no exílio Assistindo dormir meu filho Choro de saudades de minha pátria. Se me perguntarem o que é a minha pátria direi: Não sei. De fato, não sei Como, por que e quando a minha pátria Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água Que elaboram e liquefazem a minha mágoa Em longas lágrimas amargas. Vontade de beijar os olhos de minha pátria De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos... Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias De minha pátria, de minha pátria sem sapatos E sem meias pátria minha Tão pobrinha! Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho Pátria, eu semente que nasci do vento Eu que não vou e não venho, eu que permaneço Em contato com a dor do tempo, eu elemento De ligação entre a ação o pensamento Eu fio invisível no espaço de todo adeus Eu, o sem Deus! Tenho-te...