Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Ouro

Liberdade

Paul Éluard Nos meus cadernos de escola no banco dela e nas árvores e na areia e na neve escrevo o teu nome   Em todas as folhas lidas nas folhas todas em branco pedra sangue papel cinza escrevo o teu nome Nas imagens todas de ouro e nas armas dos guerreiros nas coroas dos monarcas escrevo o teu nome Nas selvas e nos desertos nos ninhos e nas giestas no eco da minha infância escrevo o teu nome Nas maravilhas das noites no pão branco das manhãs nas estações namoradas escrevo o teu nome   Nos meus farrapos de azul no charco sol bolorento no lago da lua viva escrevo o teu nome Nos campos e no horizonte nas asas dos passarinhos e no moinho das sombras escrevo o teu nome No bafejar das auroras no oceano nos navios e na montanha demente escrevo o teu nome Na espuma fina das nuvens no suor do temporal na chuva espessa apagada escrevo o teu nome Nas formas mais cint...

Romance II ou do ouro incansável - Cecília Meireles

Mil bateias vão rodando   sobre córregos escuros; a terra vai sendo aberta por intermináveis sulcos; infinitas galerias penetram morros profundos.   De seu calmo esconderijo, o ouro vem, dócil e ingênuo; torna-se pó, folha, barra, prestígio, poder, engenho . . . É tão claro! — e turva tudo: honra, amor e pensamento.   Borda flores nos vestidos, sobe a opulentos altares, traça palácios e pontes, eleva os homens audazes, e acende paixões que alastram sinistras rivalidades.   Pelos córregos, definham negros a rodar bateias. Morre-se de febre e fome sobre a riqueza da terra: uns querem metais luzentes, outros, as redradas pedras.   Ladrões e contrabandistas estão cercando os caminhos; cada família disputa privilégios mais antigos; os impostos vão crescendo e as cadeias vão subindo.   Por ódio, cobiça, inveja, vai sendo o inferno traçado. Os reis querem seus tributos, — mas não se encontram vassalos. Mil bateias vão rodando, mil bateias sem cansaço....