A mulher de Pigmalião
O escultor
Pigmalião está desesperado. Solitário em
sua oficina vazia, não tem mais vontade de começar nenhuma obra. A vida lhe parece monótona e desolada porque
está sempre sozinho.
É claro que
poderia procurar uma mulher, mas não se interessa por nenhuma das que
encontra. Seu coração está totalmente
tomado por Afrodite, deusa da beleza e do amor. Só pensa nela, só sonha com ela. E vive tristíssimo por causa disso.
Mas, de repente,
Pigmalião lembra-se de que é um grande artista, muito famoso. E tem uma ideia que pode dar fim ao seu
desespero. Seu rosto se descontrai e,
pela primeira vez em muito tempo, esboça um sorriso.
Começa a
trabalhar. Primeiro, sai pela cidade à procura do marfim mais belo, mais
branco, mais brilhante que puder encontrar.
Manda que lhe entreguem imediatamente esse precioso material e volta bem
depressa à oficina. Prepara as ferramentas
- buris e martelos - que há tanto tempo não usa para nada.
Finalmente,
chega o marfim. Dessa matéria inerte,
seu cinzel criará uma maravilha, uma estátua de Afrodite, como jamais se
viu. Devagar o artista aproxima-se do
marfim e o acaricia. Então, decidido,
escolhe as ferramentas adequadas e dá início à tarefa.
Dia e noite,
sem parar nem para dormir ou comer, Pigmalião modela a matéria dura. De vez em quando, dá uns passos para trás e
admira sua obra.
Uma noite, o
escultor conclui o trabalho. Diante
dele, no meio dos brilhantes pedaços de marfim espalhados pelo chão, ergue-se a
imagem de uma mulher de beleza tão deslumbrante que nunca na Terra se viu
ninguém igual. O artista fica
maravilhado com sua própria criação. Mas
é preciso aceitar a realidade: Galatéia - esse o nome que ele acaba de lhe dar
- é matéria inanimada, incapaz de ter sentimento.
Pigmalião
suspira. Com todo o fervor, suplica a
Afrodite que tenha piedade dele. Depois,
exausto, deita-se.
Enquanto
dorme profundamente, Afrodite penetra na estátua. Com seu poder faz de Galatéia muito mais que
uma simples imagem de aparência humana.
Transforma-a em uma mulher viva, dotada de pensamento e emoção. O marfim frio e duro passa a ser carne macia
e quente, e a vida brilha nos olhos de Galatéia.
Pigmalião
dorme um sono tão profundo que nem sonha.
Mas começa a sentir no rosto uma carícia indefinível. Sem abrir os olhos, tenta espantar com a mão
esse toque que o perturba. Sentindo
estar pegando alguma coisa, dá um grito e acorda: Galatéia está diante dele,
viva, apoiada com a mão na testa de Pigmalião e o punho preso na mão dele! Não é sonho.
Afrodite atendeu a sua súplica.
Agora o escultor tem uma mulher.
Uma vida cheia de felicidade começa para
Galatéia e Pigmalião.
Comentários
Postar um comentário