Campo de Várzea - Garcia de Paiva
O campo ficava perto de um loteamento, mostrava acentuado desnível e suas traves eram tortas: uma delas — mourão retirado de um andaime da construção próxima — tinha dois metros e meio de altura, e a mais baixa, no lado oposto, noventa centímetros. Alguns meninos acompanhavam o jogo. Os times haviam sido formados ao acaso, e um deles ficou com dez elementos, o outro com nove. Apenas três jogadores usavam chuteiras, as mesmas com que trabalhavam de pedreiro na construção, e havia dois descalços. Corriam atrás da bola com obstinação, defendiam encarniçadamente, num e noutro extremo, o espaço entre as traves, e atacavam também. Eram homens que se haviam reunido para correr atrás de uma bola e divertir-se, e somente dois ou três se conheciam, o jogo transcorria silencioso, mas de vez em quando rebentava um palavrão ou alguma risada solta nas furadas e nos lances mais acirrados. Os gols começaram a ser feitos e não houve registro deles. Cert...