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Saudades - Casimiro de Abreu

Nas horas mortas da noite Como é doce o meditar Quando as estrelas cintilam Nas ondas quietas do mar; Quando a lua majestosa Surgindo linda e formosa, Como donzela vaidosa Nas águas se vai mirar! Nessas horas de silêncio, De tristezas e de amor, Eu gosto de ouvir ao longe, Cheio de mágoa e de dor, O sino do campanário Que fala tão solitário Com esse som mortuário Que nos enche de pavor. Então — proscrito e sozinho — Eu solto aos ecos da serra Suspiros dessa saudade Que no meu peito se encerra. Esses prantos de amargores São prantos cheios de dores: — Saudades — dos meus amores, — Saudades — da minha terra!  

Saudades - Francisco Manuel de Melo

Serei eu alguma hora tão ditoso, Que os cabelos, que amor laços fazia, Por prémio de o esperar, veja algum dia Soltos ao brando vento buliçoso? Verei os olhos, donde o sol formoso As portas da manhã mais cedo abria, Mas, em chegando a vê-los, se partia Ou cego, ou lisonjeiro, ou temeroso? Verei a limpa testa, a quem a Aurora Graça sempre pediu? E os brancos dentes, por quem trocara as pérolas que chora? Mas que espero de ver dias contentes, Se para se pagar de gosto uma hora, Não bastam mil idades diferentes? D. Francisco Manuel de Melo. In Poemas de Amor. Antologia de poesia portuguesa Org. de Inês Pedrosa. Lisboa, Dom Quixote, 2001