Mote - Camões

Quem ora soubesse
Onde o amor nasce.
Que o semeasse!

                  Voltas

D'Amor e seus danos
Me fiz lavrador;
Semeava amor
E colhia enganos.
Não vi, em meus anos,
Homem que apanhasse
O que semeasse.


Vi terra florida
De lindos abrolhos:
Lindos para os olhos,
Duros para a vida.
Mas a rês perdida
Que tal erva pasce
Em forte hora nasce.


Com quanto perdi,
Trabalhava em vão;
Se semeei grão,
Grande dor colhi.
Amor nunca vi
Que muito durasse,
Que não magoasse.                 

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