A revolução industrial e a nova organização do trabalho
O fenômeno conhecido
como Revolução Industrial é geralmente associado a um conjunto de invenções
mecânicas ligadas ao setor têxtil, principalmente inglesa: a máquina de fiar,
de James Hargreaves (1768), a fiadora a vapor, de Samuel Crompton (1779), o
tear mecânico, de Richard Carwright (1784). Já em 1733, havia sido criada, pelo
carpinteiro e tecelão John Kay, uma lançadeira volante que multiplicou a
produtividade por quatro e permitiu que as peças tecidas fossem mais largas que
as produzidas pelas mãos dos trabalhadores.
Mas por que há uma
associação imediata entre a revolução Industrial e o conjunto de invenções
mecânicas? E por que ocorreram tantas invenções em tão pouco curto espaço de
tempo numa mesma região e numa mesma atividade? Já há alguns séculos a
Inglaterra e outras regiões da ilha da Grã-Bretanha (Escócia e País de Gales)
respondiam por uma grande produção têxtil na Europa. Por volta do século XV,
grande parte de seus campos serviam de pasto para milhares de ovelhas, cuja
pelagem era usada como matéria-prima para suas importantes manufaturas de lã.
Com a mesma frequência
é citada a máquina a vapor aperfeiçoada de James Watt (1769), que permitiria a
substituição das formas de energias conhecidas e utilizadas até por outra – o
vapor produzido por caldeiras movidas a carvão -, capaz de manter movimento contínuo,
potente e estável ao menor custo possível. Nas décadas seguintes, esse invento
foi novamente aperfeiçoado e utilizado em diversas aplicações – de máquinas
têxteis a motores para navios e locomotivas.
A Revolução Industrial
é, em geral, reduzida às fábricas, ou seja, a um acontecimento tecnológico.
Essa é uma ideia típica do século XIX, quando predominou a crença de que a
tecnologia resolveria todos os problemas da humanidade. No entanto, pesquisas
historiográficas mais recentes demonstraram que, na verdade, o desenvolvimento
da Revolução Industrial relacionava-se também com o desejo dos padrões em
disciplinar seus operários e em submetê-los a novos sistemas de trabalho.
A própria noção de
tempo e o uso que se fazia dele passou por grandes transformações. O relógio
mecânico, criado em fins do século XIII, a princípio para disciplinar a vida
dos monges, que seguiam rigorosa rotina de rezas e trabalho, acabou por
extrapolar seu objetivo inicial e passou a controlar o ritmo de todas as
atividades da vida urbana. Já por volta do século XVI, a noção de tempo
relacionava-se com o tempo do trabalho, o tempo útil. Pregações dessa época
afirmavam que o homem se tornaria rico quando faz bom uso de seu tempo. A noção
de tempo, visto como dinheiro pelo mercador, aos poucos dissemina-se por todas
as esferas da sociedade, procurando disciplinar todos os trabalhadores.
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