Lautrec – influência de Van Gogh e Degas
Uma obra sem concessões
Toulouse-Lautrec foi uma usina de
energia a serviço do trabalho. Há 4 mil desenhos, 600 pinturas e 350 pôsteres
catalogados. No entanto, números não oficiais revelam 5 mil desenhos e 737
pinturas, além de 275 aquarelas. Em sua produção, o artista superou
impressionistas contemporâneos, que recusaram o conforto d universo acadêmico e
alfinetaram o mundo intelectual parisiense de virada do século XIX. O pintor
deixou coleções de óleos, litogravuras, desenhos, caricaturas e pôsteres.
Na
infância, quando começou a pintar, tinha como tema predileto a família. Desde
criança, Lautrec se mostrou um desenhista compulsivo, compondo traços livres e
poucos convencionais. Caricaturava cenas com amigos, paisagens e animais na
bucólica Albi, cidade onde nasceu. Dos 15 aos 24 anos, pintou, sobretudo, temas
esportivos. Ao se mudar para Paris, aos 18 anos, foi vizinho de Degas e
conheceu o gênio holandês Vicent Van Gogh, com quem aprendeu a utilizar uma
linguagem sintética. Degas, por sua vez, lhe mostrou maneiras de captar, como
na fotografia, o instante e o movimento. Como os impressionistas, Lautrec
também retratava a impressão do movimento, mas se destacou pelo estilo
exuberante e nervoso. Em 1888, aos 24 anos, começou a pintar teatros, cabarés
como o Moulin Rouge, cafés e a vida das camadas mais pobres de Paris, elementos
também retratos por Charles Baudelaire
e Émile Zola. Tinha grande dom para
reter na memória tudo o que observava. Por isso descrevia detidamente a
atmosfera bôemia dos cabarés, saraus intelectuais, teatros e praças de
esportes, que o atraíam não pelo tema, mas pelo movimento e pelo que se passava
nas coxias.
Ao
se concentrar de maneira extrema nas figuras, tornou-se um dos artistas mais
racionais de sua época, mantendo em sua obra uma certa definição e coerência. A
preferência por pessoas, mais difíceis de captar, é a prova de quanto o pintor
exigia de si mesmo, e, embora as pinturas a óleo sejam a vedete de seus
trabalhos, sempre foi considerado excelente desenhista. Como captava as imagens
com argúcia, as reproduzia em poucos traços. Apesar do enorme domínio da
técnica de pintura, muitos críticos insistiam em rotulá-lo, de modo pejorativo,
como caricaturista. O estilo arrojado de suas obras foi responsável, à época,
pela aceitação da litografia e do cartaz como arte de valor.
Quando
faleceu, em 1901, boa parte de seu acervo pertencia a parentes, sobretudo ao
primo, melhor amigo e colega de vida mundana Gabriel Tapié de Céleyran. A maior parte das obras foi doada por
familiares ao Museu Toulouse-Lautrec, a casa onde nasceu em Albi. Os desenhos
permanecem no Hotel du Bosc, que ainda pertence a sua família.
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