Eu
vou meu pai. Só eu posso dar fim a esse horror!
Chama-se
Teseu o moço forte que acaba de dizer essas palavras resolutas a Egeu, o velho
rei de Atenas.
O
rei está triste. E com razão. Chegou o momento em que, como todos os anos, deve
enviar a Creta sete rapazes e sete moças para servirem de comida ao Minotauro.
Alguns anos atrás, Minos, rei dos cretenses, venceu uma guerra contra Atenas, e
desde então, todo ano, catorze adolescentes atenienses partem para Creta num
navio de vela negra, que sempre volta vazio. O Minotauro, monstro com cabeça de
touro e corpo de homem, devora-os em seu covil, o Labirinto.
Cansado
dessas mortes inúteis, Teseu resolve tomar o lugar de uma das vítimas e, se
puder, matar a terrível criatura.
Egeu
acaba cedendo:
-
Então, vá. Mas se você voltar são e salvo, troque a vela negra do navio por uma
branca. Assim, vendo o barco, eu já de longe fico sabendo que você está vivo.
Teseu
promete obedecer ao pai e embarca para Creta.
Minos, em seu
suntuoso palácio de Cnossos, recebe com amabilidade os catorze atenienses. Mas
comunica que no dia seguinte entrarão no Labirinto, no centro do qual vive
Astérion, o Minotauro.
Durante
toda a noite, Teseu esforça-se para tranquilizar seus companheiros. De repente,
anunciam ao jovem príncipe ateniense que alguém quer falar com ele. Muito
surpreso, Teseu vê entrar uma bela moça, que ele já viu ao lado do trono de
Minos. Ela lhe diz:
-
Jovem estrangeiro, eu me chamo Ariadne e sou filha do rei Minos. Quando vi seu
ar decidido, compreendi que você veio para matar o Minotauro. Mas será que já
pensou numa coisa? Mesmo que mate o monstro, nunca vai conseguir sair do
Labirinto...
Teseu
fica confuso, pois Ariadne tem razão. Ele não pensou nesse problema!
Percebendo
o constrangimento do rapaz, ela acrescenta:
-
Desde que o vi, fiquei interessada por você. Estou disposta a ajudá-lo se,
depois, você se casar comigo e me levar para Atenas.
Assim
fica combinado.
No dia seguinte, na
entrada do Labirinto, Ariadne dá ao herói um novelo de um fio mágico, que lhe
permite não só procurar o Minotauro mas também encontrar a saída.
Teseu
encoraja os trêmulos companheiros, e todos penetram naquele lugar sinistro. O
príncipe vai na frente, desenrolando com uma mão o fio, cuja extremidade fixou
na soleira da porta de entrada. Dali a pouco, o grupo de jovens, confundido por
corredores sempre idênticos, está completamente perdido no Labirinto.
Teseu,
cauteloso, pára e vigia os mínimos esconderijos, sempre com a mão no punho da
espada que Ariadne lhe deu.
Acordando
de repente, o Minotauro salta mugindo sobre o rapaz. Mas o herói está alerta e,
sem medo nem hesitação, abate de um só golpe o mostro.
Graças
ao fio, que volta a enrolar no novelo, Teseu e seus companheiros saem do
Labirinto. Ariadne joga-se nos braços do herói e abraça-o com paixão. Depois,
ela conduz os atenienses ao porto. Antes de subir a bordo de seu navio, Teseu
tem o cuidado de fazer furos nos cascos dos barcos cretenses mais próximos. Em
seguida, embarca com Ariadne e seus amigos.
Quando
fica sabendo do que aconteceu, o rei Minos enfurece-se e ordena à frota que
impeça a fuga. Os navios que ainda estão em condições de navegar tentam
bloquear o barco grego, e começa uma batalha naval. Mas, com o cair da noite,
Teseu aproveita-se da escuridão e consegue escapar esgueirando-se entre as naus
inimigas.
Alguns
dias depois, o navio chega à ilha de Naxo. Teseu resolve fazer uma escala para
reabastecimento. Vaidoso com a vitória, só tem um pensamento na cabeça: a
glória que encontrará em Atenas. Imaginando sua volta triunfal, os gritos de
alegria e de reconhecimento da multidão que virá aclamá-lo, apressa-se em
partir. Dá ordem de levantar âncora,
esquecendo Ariadne, que fica adormecida na praia.
Quando
desperta, a princesa vê o navio já ao longe, quase desaparecendo no horizonte.
Só lhe resta lamentar sua triste sina. Mas felizmente o deus Dioniso passa por
ali e sabe consolá-la muito bem.
Enquanto
isso, Teseu aproxima-se de Atenas. Está tão entretido com seus sonhos de glória
que também esquece de, conforme prometido ao pai, trocar a vela negra por uma
branca.
Desde
a partida do filho, o velho Egeu não teve um único momento de repouso. Rodos os
dias, subia à Acrópole e ficava olhando as ondas, esperando avistar o navio com
a vela branca. Pobre Egeu! Quando o barco enfim aparece, está com a vela preta.
Certo de que Teseu está morto, o rei desespera-se e quer morrer também. Joga-se
ao mar e afoga-se. Por isso, desde esse tempo o grande mar que banha a Grécia
chama-se mar Egeu.
Sem
saber do suicídio do pai, Teseu desembarca, radiante de felicidade. Sua alma
entristece-se quando fica sabendo da trágica notícia. Culpando-se amargamente
por sua irresponsabilidade, começa a chorar. Apesar da triunfal acolhida que
Atenas lhe dá, ele fica de luto.
Depois,
porém, compreende que não deve lamentar seu ato de heroísmo. Já que subiu ao
trono, só lhe resta ser um bom soberano. É o que tenta fazer, sempre reinando
com grande respeito pelas leis e garantindo o bem-estar de seu povo. Sob seu
sábio governo, a Grécia conhece a paz. E Atenas, a prosperidade.
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