Micróbio, o dançarino infeliz
Quantos
bichos será que a terra tem?
Milhões,
bilhões, muito mais de cem...
Eu
sei que tem
Bicho
de todo tamanho e de tudo que é jeito
Tem
uns que são muito terríveis
Tem
outros que são imprevisíveis...
Mas
aqueles totalmente invisíveis... eu nunca vi
Ou
melhor, eu nunca tinha visto
Porque
um dia, antes de dormir, eu ouvi
Um
ruído de bicho pequeno, miúdo
Desses
que a gente nem vê...
Ele
voava mas não era pernilongo
Ele
piscava mas não era vagalume, nem formiga,
Pulga,
carrapato, nem piolho
Mas
dançava
-
o quê?
Sapateava,
virava, fazia um padedê
-
Impressionante!
Tão
impressionante que fui chegando perto pra ver...
Eu
estava morrendo de medo!
-
será que ele morde?
Ele
era um bicho esquisito, pequeno e miúdo e tão feio
Que
só podia ser um desses micróbios!
-
Micróbios?
-
vai ver que é parente de “crocodilo”!
Micró
cró cró cró cró cró cró cróbio!
Era
um micróbio sim
Um
bicho difícil até de enxergar
Com
uma calça blue jeans
Um
bicho difícil até de explicar: meia de lã, um lenço de cetim
E
de repente ficou olhando pra mim
Com
uma cara de choro que dava dó
Sem
falar no susto que eu levei quando ele abriu a boca e disse:
Ele
me disse que ele era muito triste, e que dançava mesmo só pra aparecer
Mas
era feio, careca, baixinho e muito barrigudo
E
chorava...
-
Ave maria!
Soluçava,
gemia...
-
Inacreditável!
Tão
inacreditável que fui ficando desconfiado
Ele
estava querendo me enganar
-
Opa!
-
será que ele queria me pegar
Ah!
Então eu esmaguei o bicho num pirex
E
deixei ele pregado na parede com uma fita durex
Pedro
Mourão. Do disco quero passear. Grupo
Rumo. São Paulo: Estúdio Eldorado, 1988.
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