Hidrelétricas e a degradação da Floresta Amazônica

            O Brasil é um país que abastece suas residências e indústrias especialmente com a energia vinda de usinas hidrelétricas. Isso apresenta algumas vantagens, já que temos grande quantidade de rios encachoeirados que nos garantem produção energética independente de mercados internacionais, encarecida pelos transportes, fretes ou refinarias, como ocorre com o petróleo e o carvão, que são matrizes energéticas de tantos países mundo afora. Além disso, a energia gerada pelas hidrelétricas é um tipo de energia limpa e renovável, embora em sua construção também cause impactos ambientais significativas e não seja ainda acessível a todos os brasileiros.
            A região amazônica abriga boa parte do potencial hidráulico do país. Por causa disso, a polêmica sobre a construção de hidrelétricas nessa área provoca discussões acaloradas. Como construir hidrelétricas nessa área sem prejudicar a floresta, inundar terras indígenas, eliminar a fauna e prejudicar a população? Com que objetivos o Brasil investiria tantos recursos na região menos industrializada do país? A construção de usinas hidrelétricas depende de haver rios com cachoeiras e elevado volume de água. Quanto ao volume de água, não há o que questionar, mas a maior parte dos rios amazônicos corre por imensas áreas aplainadas. Como solucionar esse problema?
            Os que defendem a construção de hidrelétricas na Amazônia argumentam que negligenciar o potencial hidráulico dessa região levaria o país a aumentar a dependência em relação à energia térmica, gerada pelo petróleo que é muito mais prejudicial ao meio ambiente.
            Os que são contrários à construção dessas usinas não apresentam apenas argumentos ambientais. Lançam mão de exemplos de investimentos que, segundo eles, foram malsucedidos na Amazônia, como o caso da hidrelétrica de Balbina, citada como um grande erro devido ao impacto ambiental produzido pela usina que desmatou uma área considerável de floresta e inundou outra, sem que isso resultasse em uma grande produção de energia. Com um lago de 2 360 quilômetros quadrados, o potencial energético da usina é de 250 megawatts. Com uma área semelhante, a hidrelétrica de Tucuruí, também na Amazônia, produz cerca de 4 240 megawatts, por exemplo. Portanto, a construção da hidrelétrica de Balbina foi um investimento cujo custo ficou muito além das expectativas, e os benefícios não favoreceram o conjunto da população do estado do Amazonas.

            A Amazônia é uma região importante para o Brasil e para o mundo. Não se pode esquecer que a Amazônia Legal é uma região internacional, na medida em que ocupa terras da Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia. Entretanto, a maior parte desse ecossistema encontra-se no Brasil. Isso é muito importante, mas também nos deixa vulneráveis as especulações quanto à proteção da região e às tentativas de controle de uma área cuja preservação é de fundamental importância para o equilíbrio climático. Especialmente nesses tempos em que se debate o aquecimento global, existe um temor relacionado à perda de controle da região, seja para governos estrangeiros, narcotraficantes, organizações não governamentais e outros, em razão da insatisfatória gestão brasileira no que tange a preservação da floresta.

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