A fragmentação do mundo romano
A crise social decorrente da rápida expansão romana levou a
um período conturbado de tentativas de reformas (irmãos Graco) e de ditaduras
militares (Mário, Sila, César, Otávio), após derrotar seus rivais e conquistar
o Egito, reuniu todo poder em suas mãos, na prática inaugurou o período
imperial (27 a.C.). Todavia continuou a se ressentir dos problemas estruturais dos
últimos tempos republicanos. A forte desigualdade sócio-político-econômica, o
escravismo, o gigantismo do Estado, a crise espiritual continuaram presentes.
A passagem
do poder oligárquico (o Senado republicano) ao pessoal (o imperador) não
resolveu a questão política. Se Otávio Augusto e mais tarde alguns sucessores
(Trajano, Adriano, Antônio) revelaram-se eficientes estadistas e
administradores, não conseguiram formular uma regra clara e indiscutível de
acesso ao trono. Em função disso, muitos militares e efêmeros que aumentaram as
dificuldades de Roma. No curto período de 235-284, por exemplo, Roma conheceu
vinte e seis imperadores. É natural então que muitas províncias tenham buscado
autonomia, mostrando a impossibilidade de se manter o vasto império unido.
Tentativas de reformas político-administrativas, como a de Diocleciano no final
do século III, não tiveram sucesso duradouro.
Nesse
contexto é que se deve entender a política de aproximação entre o imperador
Constantino e o cristianismo. Essa religião, pouco importante no início, era uma
seita judaica, surgida em uma distante e secundária província do império. Sua
mensagem de igualitarismo, pacifismo e sobretudo de esperança dizia muita às
populações mais pobres e marginalizadas do império. As dificuldades desta vida
eram suportáveis com a expectativa de Céu. Por isso, a nova religião ganhara
terreno em função da crise romana. Apesar de tornar-se proibido por negar o
caráter divino do imperador romano, o cristianismo continuou a fazer adeptos.
Percebendo isso, Constantino, em 313, revogou a proibição ao culto cristão e o
Teodósio, em 380, transformou-o na religião oficial do Estado, proibindo, em
392, os cultos pagãos.
Significativamente,
nessa última data, reconhecendo o alcance da crise, Teodósio dividiu o império
em duas partes autônomas, com duas capitais e dois imperadores. Quebrava-se a
velha unidade mediterrânea. Paralelamente, a pressão dos povos germânicos desde
o século III gerava enorme insegurança e acentuava as tendências separatista de
cada região. Caminhava-se claramente para a fragmentação da Europa, que se
estenderia por vários séculos.
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