Ao espelho (Rubem Braga)
Tu, que
não fosse belo nem perfeito,
Ora te
vejo (e tu me vês) com tédio
E Vã
melancolia, contrafeito,
Como a
um condenado sem remédio.
Evitas
meu olhar inquiridor
Fugindo,
aos meus dois olhos vermelhos,
Porque
já te falece algum valor
Para enfrentar
o tédio dos espelhos.
Ontem
bebeste em demasia, certo,
Mas não
foi, convenhamos, a primeira
Nem a
milésima vez que hás bebido.
Volta
portanto a cara, vê de perto
A cara,
tua cara verdadeira,
Oh
Braga envelhecido, envilecido.
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