A argumentação e o silogismo
No
discurso argumentativo, o locutor deve convencer seus interlocutores pela
razão. Um bom modo de praticá-lo é atentar para os ensinamentos da Lógica, a
ciência do raciocínio e da demonstração. Segundo a Lógica, para argumentar, não
basta fazer afirmações: é preciso apresentar justificativas que as provem. Suponha, por exemplo, que alguém
duvidasse de uma afirmação feita por você:
- O Pedro é estudante.
- Tem certeza? Como você pode provar
essa afirmação?
Nesse
caso, é necessário convencer o ouvinte com um argumento. Toda argumentação está
baseado em um raciocínio lógico de três passos, chamado silogismo. O silogismo está por trás dos raciocínios que fazemos;
ele explica as relações de causa e efeito entre fatos.
Montando
um silogismo
Em
primeiro lugar, é necessário encontrar uma justificativa que sustente ou
forneça provas para a afirmação. Note que toda afirmação contém um sujeito e um
predicado:
Pedro
é estudante (sujeito= Pedro/ predicado= é estudante)
A
justificativa deve ser uma ideia que torne menor a “distância” entre o sujeito
e o predicado; no nosso caso, que aproxime o conjunto unitário Pedro e o grande conjunto composto de todos os estudantes. A justificativa
também é chamada de termo médio,
exatamente porque deve aproximar sujeito e predicado.
Estar matriculado na 8ª série pode funcionar
como uma boa justificativa, pois esse conjunto tem bem menos elementos que
o conjunto todos os estudantes e mais
elementos que o conjunto Pedro. Encontrada a justificativa, já é possível
organizar a argumentação em um silogismo. Os três elementos dos quais estamos
partindo são, portanto, os seguintes:
Sujeito (S) – O Pedro
Predicado (P) – ser estudante
Justificativa (J) – estar matriculado
na 8ª série
O
silogismo é o resultado da aplicação da seguinte fórmula lógica:
A
1ª linha do silogismo chama-se premissa
maior – (Todos) J + P
A
2ª linha do silogismo chama-se premissa
menor – (Ora), S+ J
A
última linha é a conclusão – (Logo),
S + P
Observe:
Premissa maior: todos aqueles que estão
matriculados na 8ª série são estudantes.
Premissa menor: Ora, o Pedro está matriculado na 8ª série.
Conclusão: Logo,
o Pedro é estudante.
Note
que, se a premissa maior e a menor forem aceitas pelo ouvinte como verdadeiras,
a conclusão necessariamente também
será verdadeira. Esse era exatamente o ponto que queríamos provar: que o
predicado ser estudante aplica-se ao
sujeito Pedro. Se uma das duas premissas não for verdadeira, a conclusão também
não será. Veja:
Sujeito – este anel
Predicado – ser de ouro
Justificativa – brilhar
Silogismo:
Premissa maior (J+P) – Tudo o que
brilha é de ouro – F (falso)
Premissa menor (S+J) – Ora, este anel
brilha – V (verdadeiro)
Conclusão (S+P) – Logo, este anel é de
ouro – F (falso)
A
premissa maior, geralmente, expressa verdades universais, inquestionáveis e
generalizantes. É por isso que deve aparecer qualificada: para poder aplicar-se
à maior quantidade de fenômenos possíveis; em outras palavras, ser
razoavelmente genérica. A qualificação
realiza-se pelo uso de pronome e expressões indefinidos (para garantir a
natureza geral ou a indefinição da afirmação). Entretanto, é possível tornar a
premissa maior menos ampla, utilizando uma gradação nos qualificadores. Veja:
Tudo aquilo
Todos que
A maior parte dos
A grande maioria
Certos
Alguns
Somente alguns
A
premissa menor é menor porque contém o sujeito, um termo menos amplo que o
predicado. Além disso, ela não é qualificada. Em outras palavras, ela não é
geral, mas particular.
Note
também o papel das conjunções ora e logo, que introduzem a premissa maior e
a menor. Elas funcionam como pistas para os interlocutores saberem que tipo de
raciocínio será realizado: a conjunção ora
cria um clima de expectativa, espera-se que o locutor exponha seu modo de ver
em seguida; a conjunção logo indica
que o locutor vai tirar uma conclusão.
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