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Mostrando postagens de novembro, 2017

Basílio da Gama (1741-1795)

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                Basílio da Gama nasceu em São José del’ Rei, atual Tiradentes, Minas Gerais. Estudou com os jesuítas no Rio de Janeiro até que estes foram expulsos do Brasil. Vai para a Itália, onde ingressa na Arcádia Romana e adora o pseudônimo de Termindo Sipilío. Escapa a acusações de jesuitismo escrevendo um poema de louvor ao casamento da filha do todo-poderoso Marquês do Pombal. Protegido pelo “déspota esclarecido”, publica, 1769, sua obra-prima, o Uraguay . Narrando o massacre dos índios no episódio de Sete Povos de Missões, o poema épico, escrito e versos brancos, destaca as figuras heroicas dos índios Cacambo e Lindya, cujo fim trágico é fruto da maldade atroz do jesuíta Pe. Balda. Soneto a Tupac Amaru Dos curvos arcos açoitando os ares Voa a seta veloz do índio adusto; O horror, a confusão, o espanto, o susto, Passam da terra, e vão gelar os mares. Ferindo a vista os trêmulos cocares,...

A tempestade (Gonçalves Dias)

Quem porfiar contigo... ousara Da glória o poderio; Tu que fazes gemer pendido o cedro, Turbar-se o claro rio?                      A. Herculano Um raio Fulgura No espaço Esparso, De luz; E trêmulo E puro Se aviva, S’esquiva Rutila, Seduz! Vem a aurora Pressurosa, Cor de rosa, Que se cora De carmim; A seus raios As estrelas, Que eram belas, Tem desmaios, Já por fim. O sol desponta Lá no horizonte, Doirando a fonte, E o prado e o monte E o céu e o mar; E um manto belo De vivas cores Adorna as flores, Que entre verdores Se vê brilhar. Um ponto aparece, Que o dia entristece, O céu, onde cresce, De negro a tingir; Oh! vede a procela Infrene, mas bela, No ar s’encapela Já pronta a rugir! Não solta a voz canora No bosque o vate alado, Que um canto d’inspirado Tem sempre a cada aurora; É...

Ao espelho (Rubem Braga)

Tu, que não fosse belo nem perfeito, Ora te vejo (e tu me vês) com tédio E Vã melancolia, contrafeito, Como a um condenado sem remédio. Evitas meu olhar inquiridor Fugindo, aos meus dois olhos vermelhos, Porque já te falece algum valor Para enfrentar o tédio dos espelhos. Ontem bebeste em demasia, certo, Mas não foi, convenhamos, a primeira Nem a milésima vez que hás bebido. Volta portanto a cara, vê de perto A cara, tua cara verdadeira, Oh Braga envelhecido, envilecido.

A argumentação e o silogismo

            No discurso argumentativo, o locutor deve convencer seus interlocutores pela razão. Um bom modo de praticá-lo é atentar para os ensinamentos da Lógica, a ciência do raciocínio e da demonstração. Segundo a Lógica, para argumentar, não basta fazer afirmações: é preciso apresentar justificativas que as provem. Suponha, por exemplo, que alguém duvidasse de uma afirmação feita por você:             - O Pedro é estudante.             - Tem certeza? Como você pode provar essa afirmação?             Nesse caso, é necessário convencer o ouvinte com um argumento. Toda argumentação está baseado em um raciocínio lógico de três passos, chamado silogismo . O silogismo está por trás dos raciocínios que fazemos; ele explica as relações de causa e efeito entre fatos....

Onomatopeia

Figura de linguagem que explora a sonoridade, na tentativa de reproduzir sons e ruídos do mundo natural. Veja: “Assim no fechar-se com o jogo, sonso, no me iludir, ele imaginava. E, pá [...]” Outros exemplos: “Toquei a campainha: “ding dong” e esperei.” Emília espalhou o pó de pirlimpimpim e “plim, plim”, a mágica aconteceu. O sino da igrejinha faz “blem,blem blem”! A fada-madrinha agitou sua varinha de condão e plim! A transformação estava feita. Psiu! Venha aqui! Exercício 1. Em sua opinião, que som a onomatopeia pá procura imitar no trecho descrito acima?

Fagundes Varela (1841-1875)

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            Luís Nicolau Varela nasceu na Fazenda Santa Rita, em Rio Claro (RJ). Em 1859, transferiu-se para São Paulo, mas só conseguiu ingressar na Faculdade de Direito em 1862. Influenciado pelos últimos suspiros do “byronismo” estudantil paulistano, dedica-se à boêmia e à bebida, atraído constantemente pela marginalidade. A morte de seu primeiro filho inspira-lhe seu mais conhecido poema, Cântico do Calvário. Tenta concluir o curso de direito em Recife, mas a morte da esposa o faz retornar de São Paulo. Abandona, então, a faculdade e retorna à fazenda onde nascera, continuando a escrever poesia. Casando-se outra vez, muda-se para Niterói, onde se entrega à bebida e vem a falecer, já em estado de completo desequilíbrio mental. A Flor do maracujá Pelas rosas, pelos lírios, Pelas abelhas, sinhá, Pelas notas mais chorosas Do canto do sabiá, Pelo cálice de angústias Da flor do maracujá! Pelo jasmim, p...

Casimiro de Abreu (1839-1860)

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                  Nascido na Fazenda Indaiaçu, em Barra de São João (RJ), Casimiro José Marques de Abreu cedo abandona os estudos secundários, dedica-se, por influência paterna, ao comércio.  Entre 1853 e 1857, vive em Portugal. Retornando ao Rio de Janeiro, o jovem comerciante leva a vida boêmia e publica, com sucesso, seu livro Primaveras (1859). No ano seguinte, morre tuberculoso. Sua poesia, bastante popular, pouco apresentar de inovador. Conhecido como “o poeta da infância”, desdobra-se em lamentos exacerbados sobre a pureza perdida. No poema Amor e Medo , sintetiza a insegurança adolescente frente ao sexo, o que levou Mário de Andrade a agrupar os poemas do período sobre a denominação de “geração do Amor e Medo”.   Amor e Medo I Quando eu te vejo e me desvio cauto Da luz de fogo que te cerca, ó bela, Contigo dizes, suspirando amores: “— Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!” ...