Adeus - Rubem Braga

Adeus, escritório, adeus,
Para sempre e nunca mais.
Eu vou sair pelo mundo, vou para Minas Gerais.
Já não quero mais cidade,
Onde tem muita prisão
E nenhuma liberdade.
Nem quero ser lavrador,
Quero ser é um vagabundo,
Do mais pobre e desgraçado,
Mas de espingarda na mão.
Se precisar trabalhar
Mudo sempre de patrão.

Do fundo do mato arranjo
Comida para comer,
Cachaça para tomar,
Maleita para morrer.
Adeus, mulherada, adeus,
Para sempre e nunca mais,
Eu vou no rumo de Minas
Pego o sertão de Goiás.
Vou caçando, vou pescando,
Vou matando sem aviso
O branco que aparecer.

Depois desço por um rio
Para o Norte ou para o Sul –
Vou descendo sem saber –
Em Marajó ou no Prata
Eu varo as ondas do mar
Eu saio por este mundo
Barbado, pobre, sozinho,
Doente, todo estragado,
Mas de espingarda na mão.
Eu saio por este mundo
É de espingarda na mão!

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