O
trabalho nas oficinas da corte de Carlos Magno levou os artistas a superarem o
estilo ornamental da época das invasões bárbaras e a redescobrirem a tradição
cultural e artística do mundo greco-romano.
Na
arquitetura esse fato foi decisivo, pois levou, mais tarde, à criação de um
novo estilo para a edificação, principalmente das igrejas, que recebeu a
denominação de românico. Esse nome
foi criado, portanto, para designar s realizações arquitetônicas do final do
século XI e XII, na Europa, cuja estrutura era semelhante à das construções dos
antigos romanos.
As
características mais significativas da arquitetura românica são a utilização da abóbada, dos pilares maciços que as sustentam e das paredes espessas com
aberturas estreitas usadas como janelas.
A abóbada das igrejas românicas era de dois tipos: a abóbada de berço e a abóbada
de arestas.
A abóbada de berço era mais simples e
consistia num semicírculo – chamado arco
pleno – ampliado lateralmente pelas paredes. Mas esse tipo de cobertura
apresentava duas desvantagens: o excesso de peso do teto de alvenaria, que
provocava sérios desabamentos, e a pequena luminosidade resultante as janelas
estreitas; a abertura de grandes vãos era impraticável, pois estes
enfraqueceriam as paredes, aumentando a possibilidade de desabarem.
Por esses motivos, os construtores
desenvolveram a abóbada de arestas,
que consistia na interseção, em ângulos retos, de duas abóbadas de berço
apoiadas sobre pilares. Com isso, conseguiram certa leveza e maior iluminação
interna. Como a abóbada de arestas exige um plano quadrado para apoiar-se, a
nave central ficou dividida em setores quadrados, correspondendo às respectivas abóbadas. Esse fato refletiu-se na forma compacta da planta de muitas igrejas
românicas.
Embora
diferentes, esses dois tipos de abóbada causam o mesmo efeito sobre o
observador: uma sensação de solidez e repouso, dada pelas linhas
semicirculares e pelos grossos pilares
que anulam qualquer impressão de esforço e tensão.
A
primeira coisa que chama a atenção nas igrejas românicas é o seu tamanho. Elas
são sempre grandes e sólidas. Daí serem chamadas “fortalezas de Deus”.
Como
não havia grandes cidades no Ocidente, pois o centro da vida social havia se
deslocado para o campo, essas imensas igrejas eram erguidas em vilarejos calmos
e tranquilos.
A
explicação mais aceita para as formas volumosas, estilizadas, duras e
primitivas dessas igrejas é o fato de a arte românica não ser fruto do gosto
refinado da nobreza nem das ideias desenvolvidas nos centros urbanos. Trata-se
de um estilo essencialmente clerical, pois, com o enfraquecimento do poder do
rei e o desaparecimento de uma vida de corte, a Igreja tornou-se a única fonte
de encomendas de trabalhos artísticos. A arte desse período passa, assim, a ser
encarada com uma “extensão do serviço divino (...) e uma oferenda à
divindade”.
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