Vermeer e os impressionistas
Os pintores do século XIX conviviam com as experiências
das primeiras câmeras fotográficas. Dois séculos antes, Vermeer usava a câmera escura.
Compreende-se assim a fascinação que o pintor barroco suscitou nos franceses do
século XIX, partindo da Escola de Barbizon, passando pelos realistas, até
chegar aos impressionistas ou pós-impressionistas, que tentam captar a
atmosfera por meio da cor e traduzi-la em sensações. O truque de Vermeer,
porém, séculos antes, consistia em utilizar a câmera escura, mas fora de foco,
um aparelho inventado no século XVI, com lentes e espelhos que permitiam
projetar na tela, com bastante exatidão, o tema a ser pintado. Ele usava a câmera
escura e trabalhava sobre a imagem refletida, o que se caracterizava a ausência
de algum esboço. Isso possibilitava “borrar” naturalmente a imagem, obtendo
áreas nas quais a cor consistia em uma grande acumulação de pontos, semelhante
ao pontilhismo. Ou seja, o holandês não pintava exatamente como ele via, mas
sim como ele captava. A tela era a impressão, e não uma representação, e era
isso o que outorgava essa impecável naturalismo à sua obra. Vermeer também não
deixou de interessar precursores vanguardistas como Cézanne, que trabalhava
especialmente com a transição de cor, algo que o holandês fazia de forma magistral.
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