Mote alheio (Luís Vaz de Camões)

Vós, Senhora, tudo tendes,
Senão que tendes os olhos verdes.

                              Voltas

Dotou em vós Natureza
O sumo da perfeição
Que o que em vós é senão,
É em outras gentileza;
O verde não se despreza,
Que agora que vós o tendes,
São belos os olhos verdes.

Ouro e azul é a melhor
Cor por que a gente se perde;
Mas a graça desse verde
Tira a graça a toda a cor.
Fica agora sendo a flor
A cor que nos olhos tendes,
Porque são vossos e verdes.

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