A economia na época da Restauração
A segunda metade do século XVII assiste ao fim da hegemonia
ibérica. Franceses, ingleses e holandeses, com o estabelecimento de seus
próprios impérios coloniais, tornam-se as principais potências de um jogo
internacional do qual os ibéricos passaram a ser peças secundárias. O poderio
português estava abalado pelas invasões holandesas e pela guerra da Restauração
e o comércio com o Oriente declinara drasticamente. Lutando em várias frentes,
e diplomaticamente isolado, Portugal recorre à Inglaterra, que dá o seu apoio
militar e político ao abatido reino lusitano em troca de alguns domínios e de
acordos comerciais vantajosos. Começava assim uma subordinação que avançaria
pelos séculos seguintes.
Os holandeses expulsos do Nordeste brasileiro em 1654
expandiram a produção de açúcar nas Antilhas, em suas próprias possessões ou em
comércios com ingleses e franceses. A produção holandesa, que contava com
diversas refinarias, capitais e uma grande rede de redistribuição, acabou por afetar
diretamente os negócios luso-brasileiros.
No entanto, ainda que o preço do açúcar não tenha acompanhado
as altas de outros produtos, sobretudo dos escravos, em vários momentos do
século XVII não houve uma queda generalizada da atividade açucareira. Ocorreu
mesmo um aumento das áreas produtoras, que continuavam a ser essenciais para as
finanças imperiais. Assim, e apesar das dificuldades, a economia colonial
tornava-se cada vez mais complexa. A pecuária estendia-se para o interior, o
tabaco mantinha-se entre as principais exportações e o algodão, usado
internamente para a fabricação de tecidos grosseiros, começa a ganhar algum
destaque.
Para continuar suprindo as suas necessidades, o império
português passou, então, a exercer um controle maior sobre a colônia. São então
criadas Companhias do Comércio, nas quais grandes comerciantes detinham o
monopólio dos negócios das principais regiões exportadoras da América
portuguesa. As tensões internas, alimentadas por oposições às medidas
metropolitanas, não tardariam a se manifestar.
Flávio Campos e Miriam Dolhnikoff. Atlas,
História do Brasil. 3ª ed. Editora Scipione, 2000.
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