No final do século XIV, o conhecimento geográfico dos
europeus limitava-se, além de suas próprias terras, ao norte da África e a uma
pequena parte da Ásia. Algumas rotas mercantis ligavam as mais distantes
regiões asiáticas aos extremos ocidentais da Europa 1. As cidades italianas de
Gênova e Veneza haviam se destacado como os principais centros do comércio
medieval, mas foram os reinos ibéricos de Espanha e Portugal que primeiramente
se dirigiram ao Atlântico, logo após a reconquista de seus territórios aos
árabes.
Depois de quase um século de expedições à costa africana, os
portugueses conseguiram ultrapassar o cabo da Boa Esperança (antigo cabo das
Tormentas), com Bartolomeu Dias. Essa bem sucedida empreitada abriu-lhes um
novo caminho para as Índias 4.
Alguns anos antes, Cristovão Colombo, a serviço dos reis
espanhóis e também procurando chegar ao Oriente, atingira as ilhas do Caribe,
iniciando a conquista da América. A partir de então, muitos navegadores
cruzaram o Atlântico, que foi deixando de ser um mar desconhecido, sobre o qual
tinham sido criadas as mais fantásticas e assustadoras lendas 5, para ser a
principal via de integração entre o Velho e Novo Mundo.
Numa dessas viagens, Pedro Álvares Cabral, que se dirigia
para o Oriente, afastou-se de sua rota e desembarcou numa área rica em
pau-brasil, inicialmente denominada Terra de Santa Cruz 2. Começa então a
conquista portuguesa em terras que, por seus habitantes e por suas paisagens,
pareciam ser um paraíso terrestre descrito na Bíblia.
Portugal e Espanha, pioneiros na expansão ultramarina, logo
procuravam dividir entre si os novos domínios. Por intervenção do papa, em
1493, tentou-se traçar uma linha divisória que, além de favorecer o reino
castelhano, não determinava com precisão o local de onde deveriam ser contadas
as cem léguas demarcatória 3. Permitindo interpretações conflitantes, foi
necessário proceder a uma nova divisão das terras descobertas, um ano depois,
pelo Tratado de Tordesilhas. Esse acordo, por sua vez, foi contestado
imediatamente por outros Estados europeus, que passaram a promover várias
expedições militares e comerciais ao continente americano.
Flávio Campos e Miriam
Dolhnikoff. Atlas, História do Brasil. 3ª ed. Editora Scipione, 2000.
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