Linguagem, Cultura e Educação: concepções



Lúcia Gracia Ferreira

Daniel Fernandes Lima


I - Introdução

Sabemos que a linguagem é ideológica, social, histórica e cultural e que está vinculada à vida do ser humano. Essa vinculação envolve o indivíduo dentro e fora da escola. Mas é fato que a linguagem se diferencia dependendo do contexto onde se vive. Os vários contextos onde se constrói e se esenvolve a linguagem têm sido alvo de estudos diversificados, entre eles estão os aspectos sócio-histórico-culturais. Por isso, entendemos que é na linguagem, como uma ação humana, que está inserida toda uma história adquirida através das experiências vivenciadas pelo indivíduo. Este aspecto se apresenta como uma rede de significados que revela o indivíduo no mundo.


Entendemos que a identidade do indivíduo é construída a partir da cultura. Nesse sentido, esse aspecto é importante para a construção da concepção de mundo dos seres humanos. Assim, na escola, os professores e os alunos constroem essa concepção de mundo a partir do contexto sócio-histórico-cultural em que vivem.
Assim, este artigo tem por objetivo fazer uma reflexão sobre a linguagem,a cultura e a educação, levando em consideração as concepções já existentes. Essa reflexão surge a partir da necessidade de relacionarmos a linguagem humana com a educação, levando em consideração também a cultura, através do qual tanto a linguagem quanto a educação é transformada.
II - Linguagem Humana: do que se trata?
O teórico Mikhail Bakhtin (1995) vê a linguagem numa dimensão sócio-histórica. Sendo a dimensão expressiva da linguagem também estudada pelo autor. Ele valoriza o homem como um sujeito que produz sentido, além de nos levar a reflexão sobre a importância e potencialidade da linguagem.
Bakhtin é visto como um teórico que ironiza a linguagem formal como forma de expressão. Este autor busca uma interação entre o homem e a língua, e se utiliza dos sentimentos, da criatividade, da história, da expressão, da palavra para a compreensão do signo imaginário e simbólico. Nesse sentido, Kramer (1993, p. 103) aponta que “a linguagem é produção humana acontecida na história; produção que - construída nas interações sociais, nos diálogos vivos - permite pensar as demais ações e a si própria, constituindo a consciência”.
Bakhtin (1995) compreendeu também a linguagem no aspecto ideológico e social. Nesse sentido, entende-se que a linguagem representa conceitos de comunicação, idéias, significados e pensamentos. Na prática educativa, essa linguagem pode ir além das capacidades faladas e escritas, podendo ser representadas por brincadeiras, gestos etc. É importante salientar que os universos discursivos atrelados às múltiplas linguagens permitem o desenvolvimento de práticas multidisciplinares, proporcionando um cenário de compreensão de uma dimensão pluralista e interativa. “A linguagem é um fenômeno plural” (TEIXEIRA, 1996, p. 184), e a função interativa da linguagem dá-se por meio do aspecto histórico-social. Ela é transformadora no sentido de constituir a relação entre homem e realidade natural e social.

III - Linguagem e Cultura



Souza (1995) nos diz que o termo cultura deriva do verbo latino colere, que significa "cultivar"; “honrar”; “tomar conta”; e “cuidar”. Assim, cultura inclui um conjunto de conhecimentos, crenças religiosas, arte, moral, direito, costumes que o homem adquiri não sociedade.
A linguagem não é só sócio-histórica e ideológica, é também cultural, pois recebe a influência do contexto cultural. Por isso, a “linguagem é, ao mesmo tempo, o principal produto da cultura, e é o principal instrumento para sua transmissão” (SOARES, 2002, p. 16).
 Geertz (1989) refere-se à cultura como uma “teia de significados”, extremamente necessária aos seres humanos. É a partir dessa idéia que entendemos a linguagem como produtora de sentidos, pois é pela experiência de mundo vivenciada por cada indivíduo que este vai expressar-se no mundo. A cultura é responsável, por exemplo, por uma consecução da linguagem impregnada por um determinado contexto social, pois o sujeito sociocultural se forma nesse
contexto com uma história cultural adquirida através das experiências vivenciadas. Teixeira (1996, p. 183) relata que “os sujeitos sócio-culturais constituem-se, pois, em suas experiências vividas no mundo, pelas quais se fazem a si mesmos e à história humana”.
A história da humanidade é feita pela história humana que se constitui de cultura. O homem como ser cultural traz em sua linguagem uma “bagagem” oriunda da cultura que o “denuncia”, o identifica.



 
 

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