O Renascimento
Orgulhoso
de seu momento histórico – a superação das crises do final da Idade Média -, o
homem do século XVI denominou sua época de Renascimento. Pretendia assim dar
ideia de que o período imediatamente anterior teria sido pouco importante – uma
idade “média” colocada entre duas fazes áureas da humanidade. Para os
renascentistas, os séculos XV e XVI assistiam ao ressurgimento da brilhante
cultura greco-romana. Tal pretensão é considerada hoje exagerada, pois a Idade
Média não desconhecera a cultura antiga, aliás, preservada em parte graças aos
medievais. Assim, não houve uma quebra de continuidade entre um período e
outro. Por isso, atualmente se prefere datar o Renascimento entre 1300 e 1600.
Porém,
se o homem renascentista não tinha características absolutamente novas, sem
dúvida havia nele alguns elementos que o distinguiam de seus antecessores
medievais: era profundamente individualista, racionalista, eclético, hedonista,
enfim, humanista. O homem se autovalorizava, vendo sua existência com uma forma
não apenas de louvar o Criador, mas também de louvar a si mesmo como criador.
Esse
perfil, contudo, não se aplicava a toda a população europeia da época. A
cultura renascentista, na verdade, foi um fenômeno de elite, um movimento
urbano, tendo se manifestado desigualmente entre as várias regiões. O
centro-norte italiano, a parte mais urbanizada e rica da Europa de então, foi o
polo dinâmico desse movimento cultural. Nas zonas rurais que cobriam a maior
parte da Europa, predominava uma cultura tradicional popular e oral.
Nesse
momento de intensificação das trocas comerciais e dos contatos possibilitados
pelas peregrinações, pela diplomacia e pelas guerras, cultura erudita e cultura
popular naturalmente se interpenetravam. É o que se percebe claramente, por
exemplo, nas obras do italiano Boccacio, do francês Rabelais, do alemão Durer e do
espanhol Cervantes.
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