Soneto ao inverno - Vinícius de Moraes
Inverno,
doce inverno das manhãs
Translúcidas,
tardias e distantes
Propício
ao sentimento das irmãs
E ao
mistério da carne das amantes:
Quem
és, que transfiguras as maçãs
Em
iluminações dessemelhantes
E
enlouqueces as rosas temporãs
Rosa-dos-ventos,
rosa dos instantes?
Por que
ruflaste as tremulantes asas
Alma do
céu? o amor das coisas várias
Fez-te
migrar - inverno sobre casas!
Anjo
tutelar das luminárias
Preservador
de santas e de estrelas...
Que
importa a noite lúgubre escondê-las?
Londres, 1939.
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