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Mostrando postagens de outubro, 2009

A canção do africano - Castro Alves

Lá na úmida senzala, Sentado na estreita sala, Junto ao braseiro, no chão, Entoa o escravo o seu canto, E ao cantar correm-lhe em pranto Saudades do seu torrão … De um lado, uma negra escrava Os olhos no filho crava, Que tem no colo a embalar… E à meia voz lá responde Ao canto, e o filhinho esconde, Talvez pra não o escutar! Minha terra é lá bem longe, Das bandas de onde o sol vem; Esta terra é mais bonita, Mas à outra eu quero bem! O sol faz lá tudo em fogo, Faz em brasa toda a areia; Ninguém sabe como é belo Ver de tarde a papa-ceia! Aquelas terras tão grandes, Tão compridas como o mar, Com suas poucas palmeiras Dão vontade de pensar… Lá todos vivem felizes, Todos dançam no terreiro; A gente lá não se vende Como aqui, só por dinheiro”. O escravo calou a fala, Porque na úmida sala O fogo estava a apagar; E a escrava acabou seu canto, Pra não acordar com o pranto O seu filhinho a sonhar! …………...

Saudades - Casimiro de Abreu

Nas horas mortas da noite Como é doce o meditar Quando as estrelas cintilam Nas ondas quietas do mar; Quando a lua majestosa Surgindo linda e formosa, Como donzela vaidosa Nas águas se vai mirar! Nessas horas de silêncio, De tristezas e de amor, Eu gosto de ouvir ao longe, Cheio de mágoa e de dor, O sino do campanário Que fala tão solitário Com esse som mortuário Que nos enche de pavor. Então — proscrito e sozinho — Eu solto aos ecos da serra Suspiros dessa saudade Que no meu peito se encerra. Esses prantos de amargores São prantos cheios de dores: — Saudades — dos meus amores, — Saudades — da minha terra!  

Elementos básicos da narração

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