A colonização das terras portuguesas na América exigia a
organização de uma economia lucrativa e duradoura. A simples exploração do
pau-brasil, apesar de ter se estendido por séculos, não garantia a estabilidade
necessária para isso. Assim, o açúcar acabou por se tornar o principal produto
da economia colonial até o século XIX, devido inicialmente a diversas condições
favoráveis, principalmente no Nordeste, e a uma grande aceitação do produto nos
mercados europeus.
Em torno da atividade canavieira desenvolveram-se também a
pecuária e o fumo 1. O gado era fundamental
para o transporte e servia como força motriz das máquinas dos engenhos. O
tabaco tornara-se um produto importante, já que, na África, era trocado por
escravos (escambo) 6.
A África, o continente negro, fornecia um tipo de mercadoria
especial. Por séculos inúmeras embarcações cruzaram o oceano para abastecer o
Novo Mundo com africanos, que, com suas vidas e seu trabalho, garantiram a
colonização 3, 4. A plantation, uma estrutura de produção original, lançava suas bases:
grandes propriedades com mão de obra escrava dedicada à cultura de um único
produto voltado ao mercado externo.
A colonização gerou uma verdadeira civilização do açúcar. Afinal,
com o plantio da cana e a proliferação de engenhos, não foram só as paisagens
das áreas litorâneas, onde se davam o cultivo, que mudaram. Toda a antiga
idílica, que apontava semelhança entre o Novo Mundo e Paraíso bíblico, foi
substituída pelas reflexões e impressões causadas pela escravidão.
Os engenhos não eram apenas fabricas incríveis, mas
verdadeiros infernos, com caldeiras que pareciam lagos fervente, trabalhos
noturnos e gritos desesperados de escravos. Numa melhor posição social,
trabalhadores livres desempenhavam funções especializadas 2. O Brasil prepara para ser, segundo a visão de
um cronista do período colonial, o inferno de negros, o purgatório dos brancos
e o paraíso dos mulatos.
Grande parte da América estava integrada ao intenso comércio
do Atlântico 5, que envolvia gêneros
tropicais, manufaturas e escravos numa extensa rede mercantil, montada pelas
metrópoles europeias, denominada antigo sistema colonial 4.
Flávio Campos e Miriam
Dolhnikoff. Atlas, História do Brasil. 3ª ed. Editora Scipione, 2000.
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